28 de set. de 2009

Meu coração bate o sino dos dias

Como não sei o que dizer, simplifico tudo em imagens: o poente e a igreja pertencem a uma cidade desse interior que vivi da janela de meu quarto de hotel: sobre o resto, nem preciso escrever:

- roteiro para assistir os videos abaixo: ao tempo que o video do youtube despeja sua música, assista ao primeiro filme: o poente. Depois, desligue qualquer forma de música ou rúido e assista o segredo do segundo filme. Beijos da L.



segundo video: música de torre

13 de set. de 2009

7 de set. de 2009




eu queria escrever esse poema de chuva para livrá-la de todo cansaço inútil, eu que te acho mais bonita que a lenda do boto e de quem escuto, todos os dias, que temos que aprender a lapidar aquilo que em nós é o divino espírito santo de uma varanda com pomar de conchas,

...
Temo que amanhã eu acorde e v. tenha bordado as velas da nau.

Temo que a última cena seja essa:

Primeiro v. dirá, A arquitetura do desespero e do medo, só o que teus olhos sabem decifrar. Teu coração bate o luto dos dias.

Depois prepara o café enquanto cola selos em postais de despedida, Esse é para meu pai que, mesmo morto, ainda martela, em meus sonhos, a rigidez e a palmatória.

FIM.

4 de set. de 2009

hoje queria ser a sombra de uma poeta (porq estou triste de lembranças!). ela, alfonsina, que morreu no mar, a sua dor sua, insuportável até os ossos, fez com que entrasse no mar até que o oceano entrasse nela. Aqui o seu último poema. e uma música fenomenal que conta a sua história triste, porém belíssima. A., nos te amamos.

seu último poema:

VOY A DORMIR
Dientes de flores, cofia de rocío,
manos de hierbas, tú, nodriza fina,
tenme prestas las sábanas terrosas
y el edredón de musgos escardados.

Voy a dormir, nodriza mía, acuéstame.
Ponme una lámpara a la cabecera;
una constelación; la que te guste;
todas son buenas; bájala un poquito.

Déjame sola: oyes romper los brotes...
te acuna un pie celeste desde arriba
y un pájaro te traza unos compases

para que olvides... Gracias. Ah, un encargo:
si él llama nuevamente por teléfono
le dices que no insista, que he salido...




trecho da novela "Eu queria ser aquela sombra que o chapéu faz em tua clavícula".
para p. lira


vou sonhar a pedra do teu coração feito um martelo no linho obscuro da pérola
quem chorou o muro das lamentações
intui que a eternidade é a loucura longínqua de facas atravessadas Ela entra no céu por uma greta atravessada naquela nuvem: se deus falasse, ficaria calado: ela é o próprio mistério dos sinos todos de todas as catedrais de todos os mistérios transversais atravessados na memória: à noite ela deita a tessitura da cervical na grama fria: eu queria atravessar teu peito com esse arpão sagrado que é a palavra, então escrevo esse cavalo árabe que não morrerá comigo: nasço o abismo floral de todo escuro: um tigre doente habita o meu peito frio E se casei com a noiva da neve, foi para que me soprasse: o gelo: no gelo do coração: a língua gelada na nuca d’aço-frio: as minhas mãos: que mais algas marinhas: encharcariam: num concerto de rachmaninoff: a peixe todo o municipal. Assim ela entraria em meu coração: com o sono do chuveiro espalhado na pele, vestiria toda a nudez quando sai da toalha molhada e atravessa o filme do Fellini já gagá entre a névoa: filma essa música espalhada na paisagem: um deus decaído, que se falaria, preferiria ficar calado, chupa a chuva na tua coxa com brincos de coral e pérola caindo das orelhas: o arpão da língua a atravessa até o infinito: se te falo: todo o livro é uma declaração de amor, foi porq chorei esses versos ainda hoje quando entravas no esquecimento de um dia de tédio: o tédio já é o deus cansado de sua falta do que dizer pois pode que ele desconheça a melancolia, e o amor: eu entro no quarto com o chapéu de chuva atravessado com violinos de Béla Bartók: ela não acende algum cigarro: não pensa nas lamas do führer: eu bebo a água acumulada na sua clavícula: